Imã a papa: cristãos e muçulmanos estão condenados a se amar

O Imã da mesquita central de Bangui, Tidiani Moussa Naibi, afirmou nesta segunda-feira (30) ao papa Francisco que os cristãos e muçulmanos da República Centro-Africana, cujos enfrentamentos causaram milhares de vítimas nos últimos dois anos, "estão condenados a viver juntos e a se amar".

O líder muçulmano fez o discurso após receber o pontífice na mesquita da capital do país, durante a última etapa da viagem de Francisco na República Centro-Africana, que vive em conflito desde o final de 2013.

"Queremos tranquilizar o mundo. Não, o povo centro-africano não está condenado ao conflito e à violência. Não, a situação atual do nosso país não irá se eternizar", enfatizou Naibi.

Para o imã, se trata "simplesmente de um momento" da história de seu país, "um momento certamente doloroso, um momento lamentável, mas só um momento".

"Recuperaremos uma paz e uma segurança maior e justa", garantiu o clérigo muçulmano.

O imã agradeceu a visita do papa à mesquita, situada no bairro PK5, onde permanece reclusa a comunidade muçulmana de Bangui, que foi expulsa da capital e forçada ao exílio ou massacrada no resto do país por milícias civis de denominação cristã, majoritária no país.

"Sua visita é um símbolo que entendemos perfeitamente, mas queria transmitir uma mensagem de tranquilidade", comunicou ao papa.

"As relações entre os irmãos e irmãs cristãos e nós mesmos são tão profundas que nenhuma manobra que possa prejudicá-la poderia ter sucesso", disse Naibi.

"Os que tentam sabotar estes vínculos não poderão destruir os laços de irmandade que unem tão firmemente nossas comunidades".

O imã afirmou que "esperança" permitiu ao povo centro-africano empreender ações para tentar pacificar o país, compartilhar o poder e organizar eleições livres e democráticas, convocadas para o próximo dia 27 de dezembro após vários adiamentos neste ano.

Na sua visita ao PK5, Francisco contou com a escolta de boinas azuis da Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) e de tropas francesas, por se tratar da etapa com mais risco de sua viagem.

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