O que é mais importante? Falar em línguas ou amar?

Como missionária, trabalho ligada a muitas igrejas. Atendemos conferências e promovemos a visão missionária, afinal, nosso trabalho também é levantar uma nova geração de missionários transculturais brasileiros. Algo, que aliás, não tem sido fácil, nesta Igreja tão “conquisteira e vitorienta”.


Numa de minhas viagens, participei de um culto numa determinada igreja. Na oração introdutória, o pastor, um servo amado e bem avivado, gastou um bom tempo amarrando e repreendendo o “espírito da frieza”. 

Ele se referia a “frieza espiritual”, ao fato da congregação não acompanhar com o mesmo ardor a sua oração “em línguas”, não responder com altos gritos de Aleluia e talvez alguns jargões. Não sei. Não posso dizer que conheço profundamente esta igreja, Mas conheço algumas de suas lutas e acompanhei algumas dificuldades, diga-se de passagem, coisas que acontecem em qualquer comunidade da fé. 

No entanto, na hora daquela oração contra o “espírito da frieza”, uma voz falou ao meu coração. Voz, esta, que acredito ser a do Espírito Santo. Ela disse: Não há espírito de frieza aqui. O que há é falta de amor. Na mesma hora, abri os olhos para ter certeza de que não se tratava de um engano ou de alguma conversa entre irmãos atrás de mim. E não era. O que soube depois apenas confirmou o que naquela noite senti.

Muitos definem a apostasia do final dos tempos como algo terrível, um fenômeno completo de falta de amor e de empatia. Uma frieza tal como nunca se viu.

Muitos pregam por aí que a tal Grande Apostasia já está entre nós e que aponta para o breve retorno de Cristo. Uns concordam, outros não. E eu já acho que a falta de amor é uma característica sim das nossas comunidades eclesiásticas. Nem todas, diga-se de passagem. Mas de forma geral vemos que é mais fácil investir nos eventos do que se importar com um trabalho missionário, seja no Brasil ou fora. 

É mais fácil comprar o novo ar condicionado da Igreja do que investir todo este dinheiro comprando alimentos para órfãos africanos ou nos recantos do sertão. Ah! Isso seria demais, não seria? Que igreja você conhece que fez uma loucura santa destas?

Em nossas igrejas vemos cada vez mais excelentes grupos de adoração, de dança e equipamentos para “adorar ao Senhor” (afinal, Ele merece o “melhor”- mas o que é o melhor para Deus mesmo?). Investimos pesado. A mesma pessoa que “ministra” com tanta unção, é as vezes aquela que possui o coração mais torpe, menos perdoador ou mais ambicioso. 

Deixaria qualquer super star embaraçado. Não estou falando da minoria que faz a diferença. Mas da maioria. Dos líderes evangélicos politiqueiros que até quando “demonstram” amor, o fazem por interesse.

A “crítica” exortativa deve existir. A exortação em amor é a única forma de salvar alguns. Quem exorta em amor, exorta por que ama. E aí? Adianta “tanta unção” e reavivamento (será?) sem o amor? Será que isto é possível? Parece que para alguns… é sim.

Ainda que eu falasse a língua dos anjos e dos homens… ainda que tivesse toda a ciência e sabedoria… ainda que tivesse todo o dinheiro do mundo… sem amor, nada seria.

O amor é o dom maior.

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